Desmestificando e desmembrando o Juro Bancário

Em todo o juro bancário cobrado de qualquer operação financeira deverá este contemplar uma série de custos ou provisões de custos que estão relacionados a atividade, cada operação de crédito possui riscos e carrega uma dose de incerteza, pois é um recurso disponibilizado para aquisição de bens materiais ou se presta a alguma finalidade especifica, como contratação de um serviço, pagamento de despesas, alavancagem financeira ou comprimento de obrigações, é um recurso que será usado e somente será recuperado por conta do pagamento integral do montante emprestado, acrescidos da remuneração legitima para quem teve que disponibilizar do recurso financeiro pelo período contratado, mas esta remuneração que são os juros devem contemplar um série de custos que estão inerentemente inseridas neste valor, que são os riscos da atividade financeira, pois haverá sempre o risco de não se receber o recurso disponibilizado, o custo da atividade financeira, pois tudo tem um custo e isto envolve desde o custo de captação, o custo da operação, o custo do serviço e o custo de toda a estrutura montada para oferecer e dar suporte ao serviço, além destes existem os custos e riscos não relacionados a operação em si, mas a atividade, e que de alguma forma terão que serem contemplados e são parte de qualquer juro cobrado de uma operação financeira, estes devem corresponder a uma fração do juro objetivando o custeio de qualquer empréstimo ou financiamento, outro componente dos juros são os impostos, que no caso é o IOF, imposto sobre operações financeiras, que devem ser recolhidos ao governo, fora isto e o que sobra, são os lucros, uma parcela do juros deve ser destinada a serem apropriados como lucro da atividade, pois toda a atividade econômica visa lucros, os lucros são parte integrante da atividade financeira.

O risco embutido na fração que lhe cabe no valor cobrado em juros deve ser a média ponderado do risco observado no mercado quanto a inadimplência, se o risco for de 5%, ou seja, o mercado tem operado com uma margem de inadimplência de 5%, é porque esta é a margem de risco que esta ocorrendo e deve esta  estar inserida na fração que lhe cabe nos juros de qualquer operação, pois mesmo que a operação não cause problema de inadimplência, esta deve cobrir os custos de todas as outras que causaram, então 5% de todo o juro cobrado deve ser direcionado para cobrir os riscos, dentro da margem de risco que o mercado tem operado e observado, estes 5% irão cobrir a inadimplência de todas as operações que tiveram problemas de pagamento e estão dentro da margem de risco percebida. Se não for assim não haverá mais recursos disponíveis para crédito, visto que sempre existira prejuízo de 5%, o que acabará inviabilizando qualquer operação em função dos prejuízos verificados, porque ninguém vende, comercializa ou fabrica algo para ter prejuízo, pois o produto, o serviço e o recurso foram integralmente disponibilizados para o fim que se destinou por conta da necessidade ou desejo do credor. Existem operações com produtos financeiros cuja a margem de risco é maior e notadamente se observa um maior índice de inadimplência, que neste caso, terá este índice aplicado como constituinte dos juros cobrados neste tipo de operação de crédito. Para que o cliente não perca os valores que tenha  aplicado e investido em uma instituição que por ventura venha a ser decretada como deficitária e em estado de insolvência, é incluído nos juros um percentual referente a contribuição ao fundo garantidor de crédito, que no caso de falência ou estado de insolvência da instituição financeira, este será ressarcido conforme as regras e valores estipulados para o fundo FGC.

O custo da atividade financeira desde a captação do recurso e envolvendo os custos da operação financeira, os custos do serviço e mais todos os custos da estrutura montada para oferecer e dar suporte ao serviço financeiro deve ser conhecido, é a pergunta que toda empresa deve saber responder, ou seja, "Quanto custa para empresa existir e exercer a sua atividade?", se isto significar um custo de 70%  do total de tudo o que a organização arrecada, devem estes mesmos 70% serem contemplados nos juros praticados pela atividade financeira, em cada operação financeira haverá um percentual do juros que devem cobrir os custos da atividade, e se estes custos forem de 70%, então é este o valor correspondente em cada valor cobrado em juros que será destinado para custeio da atividade, do negócio, que as instituições financeiras tem que honrar, com a folha de pagamento, com os fornecedores, com os serviços de terceiros, com os impostos, taxas e despesas da atividade, e se isto custa 70% de tudo o que a empresa gera em riqueza anualmente, estes mesmos 70% devem estar presentes em cada operação financeira, seja de empréstimos ou financiamentos, embutido como fração nos juros praticados.

O custo da captação de recursos por parte das instituições financeiras tem haver com a margem de manobra para se oferecer um produto atrativo e vantajoso para o cliente, ou seja, se ofereço um produto de financiamento, o juros que pago devem serem competitivos em relação ao mercado e também serem uma opção vantajosa para conseguir atrair recursos, é o poder de captar recursos oferecendo como rendimento um juro atrativo como recompensa pelo recurso aplicado e investido, este juro a ser pago é também um componente do custo que a instituição financeira terá que desembolsar, por isto o juro de investimento e de aplicação é sempre inferior ao juro de custeio de um empréstimo ou financiamento, um terá que cobrir os custos do outro, o recurso é captado para ser disponibilizado ao mercado, em troca se paga uma remuneração, juro de captação, enquanto que este mesmo recurso é disponibilizado ao mercado para empréstimos e financiamentos, em recompensa cobra-se um juro de custeio do financiamento ou empréstimo. Um custo indireto mas que esta relacionado com o quanto custa para uma instituição financeira captar recursos no mercado pode ser incluso também a imagem, a reputação e a solidez, neste caso o que se quer é diminuir o risco de confiança, quanto melhor a confiança na instituição, mais fácil será e menor será, o custo da captação dos recursos no mercado financeiro.

O custo da operação envolve o desenvolvimento e oferta de um produto para que seja atraente e competitivo no mercado, que ofereça ao mercado o que este deseja em relação a um produto, isto requer trabalho de marketing, desenvolvimento de processos, sistemas de informação específicos, pessoal e uma estrutura dedicada e especializada neste tipo de produto para uma determinada operação financeira. É todo um contexto envolvendo muitos processos que são realizados por pessoas dedicadas exclusivamente em atender as demandas e necessidades por um determinado produto, proporcionando comodidade, segurança e facilidade para quem procura por uma operação financeira buscando um produto especifico que atenda as suas necessidades. O custo do serviço é intrínseco ao custo da operação mas também deve ser mensurado, pois é quanto custa manter todo um aparato disponível e com tudo pronto para atender as demandas em um determinado produto, mesmo quando o produto não é vendido, este tem um custo, seu custo abrange a disponibilidade por ofertar ao mercado um produto, mas que muitas vezes não é vendido.

O custo de toda a estrutura montada para se operar o negócio na atividade financeira é o que podemos chamar de constituição do negócio, é preciso de um ponto comercial, de edifícios e instalações, é preciso de moveis, equipamentos, é preciso de máquinas, é preciso de pessoal, é necessário equipes de desenvolvimento, equipes de planejamento, equipes de atendimento, além de múltiplas questões relacionadas com a estrutura do negócio, como call center, centrais de atendimento, centrais de desenvolvimento de software, centrais de suporte e apoio e centrais de comando,   enfim inúmeras áreas envolvidas e dedicadas a fazer o negócio funcionar, tendo todo um aparato relacionado a atividade da organização financeira.

Os impostos são uma parte que também compõe os valores em juros cobrados, pois sobre cada operação é exigido a cobrança de uma alíquota especifica, que são os impostos destinados ao governo, o chamado e conhecido IOF - imposto sobre operações financeiras, assim toda a vez que se faz uma operação financeira, haverá cobrança de imposto a ser destinada a fazenda nacional para custeio da máquina e do serviço público, esta alíquota em percentual esta embutida em uma fração dos juros praticados pelas instituições financeiras.

Inflação é outro fator que determina o valor dos juros, quanto mais alta, ou tendência de alta da inflação,  maiores serão os juros, a inflação é e sempre será a maior responsável pelos altos juros praticados, pois ela é quem determina o preço de tudo, e os juros serão sempre maiores do que a inflação, levando em consideração todos os custos já mencionados. A soma da inflação aos custos bancários, ao risco verificado,   aos impostos embutidos e aos lucros esperados pelas instituições financeiras, serão o fator determinante para a taxa de juros a ser cobrada.

Os depósitos compulsórios determinados pelo governo para controlar a liquidez no mercado, para tirar dinheiro de circulação, evitando desta maneira que as instituições financeiras repassem através de empréstimos e financiamentos ao mercado, também são um motivo que faz com que os juros sejam altos, pois para se captar o dinheiro existe um custo, e quando as instituições financeiras deixam de emprestar este dinheiro captado, isto não gera resultado, não produz riqueza e não traz ganhos para as instituições financeiras, pois é um dinheiro que entra com a obrigação de ser remunerado pelo que foi oferecido para o cliente como ganho por ele ter aplicado seu dinheiro na instituição, sendo que este recurso, por determinação legal do banco central, vai parar nos cofres do governo, embora seja corrigido ou deve ser corrigido de acordo com as expectativas do cliente, que nem sabe disso, pois seu interesse é obter rentabilidade. O que o banco central faz com estes recursos e como ele é aplicado, é uma outra história, mas que de alguma forma influência nas altas taxas de juros, porque os bancos não vão perder dinheiro.

Os juros deixam de ser somente um percentual cobrado em relação a um montante em valor para serem justificados e desmembrados em diversas frações e partes que devem cobrir e estão relacionadas ao custeio da atividade financeira, passam agora a serem percebidos como um valor que compõe diversos outros valores que tem uma destinação certa e devem serem contemplados, o que sobra no fim são os lucros. Os bancos não obtêm receita somente através dos juros, existe a cobrança de tarifa e taxas referente aos serviços, mas estas estão relacionadas somente ao serviço, mais exatamente a disponibilização do serviço.

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