Custo do dinheiro - O Cálculo de Remuneração

A taxa básica de juros definida pelo comitê de politica monetária nacional(copon), do banco central do Brasil,  constitui de uma taxa básica de referência para operações de crédito e financiamento, ou melhor a selic, sistema especial de liquidação e custódia, que é um sistema responsável para negociação de titulos públicos, neste sistema são feitas todas as operações de liquidação financeira e também de custódia de títulos, tudo de forma eletrônica. Para se definir a taxa básica de juros ou a taxa selic meta, o banco central leva em consideração a inflação medida no período pesquisado, se a inflação indica sinais de aumento, ou seja, se os preços praticados no mercado em relação ao que é levado em consideração para medir a inflação, estiverem aumentando, isto torna motivo de preocupação, porque inflação é sinal de desajuste e descontrole na economia, e neste caso há a necessidade de interferência para colocar equilíbrio nos preços praticados pelo mercado, que somente poderá ser realizado com diminuição da oferta de crédito e liquides no mercado, com menos dinheiro circulando ou custando mais caro, tende os preços se ajustarem pela escassez do dinheiro, a procura diminui e acaba exercendo pressão sobre os preços para estes serem reduzidos a fim de haver mais interessados e uma maior procura, lei da oferta e da procura, quando mais escasso ou mais caro, menor a procura, quanto mais abundante ou mais barato, maior a procura, até que se chegue a um ponto de equilíbrio nos preços. Se a inflação média medida em um período indicar constante aumento, digamos que a média seja 9,25 ao ano, saindo do centro da meta e do controle designado para o período, tende serem definidos uma nova taxa básica de juros ou a taxa selic meta com relação a inflação medida, em que se leva em consideração a inflação de 9% mais a média ponderada dos juros praticados no mercado selic quanto da venda de título públicos aos bancos, pois o banco central negocia a dívida do governo ofertando títulos, como os de LTN - letras de tesouro nacional, em que negocia um título com vencimento futuro pagando um determinado valor em juros, tudo isto para financiar a sua dívida, divida publica, estes juros negociados pelo banco central diariamente ao vender seus títulos através de leilões, no mercado over night, sempre a noite, é que são levados em consideração, pois é a média dos juros pagos pelo governo, para manter o controle da liquides no mercado. Quando o governo, através do banco central, vende um título de LTN com vencimento e resgate em 12 meses no valor de R$ 1.000,00 por um preço de R$ 899,00 no presente, ele esta pagando um juro de 11,23 = (((1000/899)-1)*100), outro título poderá ser negociado pagando daqui a 24 meses o valor de R$ 2.000,00 por um preço de R$ 1800,00 no presente, ele esta pagando um juro de 11,11 = (((2000/1800)-1)*100). o cálculo da somatória média diária destes juros é quem definem a taxa selic diária, ou selic over, do qual esta taxa é derivada, que devem estar dentro da meta da taxa selic meta, acordada e divulgada por ocasião do conselho monetário nacional - copon. Se o banco central tiver dificuldade para vender os títulos da dívida do governo, é porque a inflação esta aumentando e os juros pagos não são atrativos, a inflação esta fugindo do centro da meta, os compradores e investidores preferem outras aplicações mais rentáveis. Por isto existe a necessidade de se aumentar a taxa selic meta para poder oferecer uma maior rentabilidade para os investidores, pagando juros melhores para atrair mais investidores, sendo que estes juros devem estar dentro meta da nova taxa selic meta, decidida por ocasião da reunião do banco central. Esta nova taxa selic meta servirá de parâmetro para o mercado financeiro negociar os juros que são praticados no mercado doméstico e também aumentarão o poder de negociação do banco central junto as instituições financeiro para conseguir rolar e vender títulos da dívida publica, e consequentemente pagar suas contas.

O controle da liquides no mercado se dá através do enxugamento do dinheiro em circulação no mercado doméstico a fim de restringir o acesso ao crédito, evitando desta forma um excesso de oferta de crédito para que o mercado não opere sob condições de excesso de dinheiro, provocando excessiva distribuição de recursos sem que o mercado consiga dar conta disso, ou seja, há muito dinheiro circulando, provocando bolhas em investimentos tais como, construção excessiva de moradias, compra excessiva de ações de empresas, excesso de consumo muito rápido sem acompanhamento da produção, enfim, quando bolhas estouram, os problemas se desencadeiam em cascata e muitos sofrerão as consequências. Como se controla a liquides no mercado? Isto é feito através dos depósitos compulsórios que os bancos e as instituições financeiras são obrigados a depositar no banco central, que são uma parte de tudo o que captam no mercado, não ficando disponível para oferta de crédito. Para que este dinheiro não fique parado sem remuneração, o banco central negocia estes valores depositados compulsoriamente permitindo a troca destes valores pela compra de títulos do governo, ou seja, troca um valor pertencente ao banco, depositado no banco central compulsoriamente, por um título ofertado pelo governo, como uma LTN, com pagamento de juros, o que é mais vantajoso do que somente ter o dinheiro depositado e receber como resultado a expectativa do investidor que aplicou o seu dinheiro na instituição de sua confiança. Este juro que o banco central negocia e paga aos bancos para que estes troquem o valor retido compulsoriamente por títulos ou comprem os títulos do governo é que define a taxa selic, que na verdade é uma média ponderada das negociações ocorridas, desta forma o governo controla a liquides no mercado de 3 maneiras, uma retendo parte de todos o dinheiro para investimento e aplicação, outra vendendo títulos da divida publica para pagamento no futuro com rendimento e a terceira aumentando a taxa selic meta, se é base dos juros para que as instituições pratiquem os juros oferecidos ao mercado doméstico. Em certas circunstâncias o governo quer aumentar a liquides no mercado, neste caso o governo, através do banco central, diminui o juro ofertado pelos seus títulos, pois assim, os bancos compraram menos títulos para se beneficiarem de uma maior disponibilidade de liquides, pois há interesse do governo aumentar a liquides não só através do menor custo dos seus títulos, mas também pelo afrouxamento da  exigência e recolhimento do valor compulsório, assim os bancos terão mais dinheiro para emprestar e oferecer ao mercado, aumentando a disponibilidade de dinheiro ao mercado aberto. A vantagem de se comprar um título do governo esta no pagamento de uma remuneração por estes, enquanto no deposito compulsório a remuneração é a correção monetária acrescidos de algum percentual que atenda as expectativas do investidor, já os títulos do governo são negociados diariamente através da lei da oferta e da procura, ou seja, se há vantagem em comprar, estes serão negociados. Neste mercado tudo funciona a base da negociação em que uma hora é mais interessante comprar títulos do governo enquanto em outra é mais interessante disponibilizar o dinheiro para empréstimo e financiamento ao mercado, sendo que os títulos do governo oferecem risco praticamente zero, muitas vezes os bancos compram títulos do governo oferecendo o valor depositado compulsoriamente como pagamento, tendo que buscar no mercado interbancário valores para compensarem a retirada do valor depositado compulsoriamente, isto quando não tiverem recursos em caixa para comprarem os títulos do governo, pois é mais vantagem comprar títulos do governo mesmo pegando um empréstimo entre algum banco comercial. Ninguém perde nada ou deixa de ganhar, embora possam haver prejuízos com relação a negociações mal feitas. Os bancos assim como o governo através do banco central estão atentos a inflação dos preços no mercado, e o que regula a oferta e a procura, por títulos é a taxa de juros oferecida para remunera-los, é a competição no mercado quem determina a melhor taxa de juros.

Porque a taxa selic meta é tida como referência pelo mercado financeiro, porque os títulos do governo quando comprados oferecem risco praticamente zero, existe a certeza de recebimento do dinheiro investido no prazo negociado, assim se esta é a taxa que é praticada para investimentos com risco zero, e esta acima da inflação do período acompanhado, pois o juro real é a diferença entre a taxa selic meta subtraindo da taxa de inflação medida no período, ou seja se a taxa selic meta for de 11,25% ano e a inflação no período for de 9 %, o juro real da economia anual é de 2,25%, e os bancos se baseiam neste juro para calcularem qual será a taxa por eles a ser praticada. Um juro menor que 2,25 é altamente atrativo e vantajoso para quem deseja fazer um empréstimo, enquanto que um juro maior que 2,25 é altamente atrativo e vantajoso para quem quer aplicar e fazer algum investimento. Ou seja se alguém oferecer alguma oferta de crédito com juros mensais de 0,25 %, fique sabendo que o juro anual é maior do que 3%, este juro pode não ser tão vantajoso assim, não esquecendo que sempre haverá a correção monetária devido a inflação, que é calculada através do ipc, índice de preços ao consumidor. Para um juro real, praticado por algum banco privado, maior do que o praticado pelo governo, este esta operando com uma taxa acima da taxa selic meta, pois o risco neste caso é maior, e tende o risco a estar embutido nesta taxa, já quando o juro real praticado por algum banco privado for menor do que a taxa selic, tende o risco ser menor, por isto do juro ser menor.

Os bancos no final do dia tem que fechar as contas de entrada e saída de caixa, não podem ficar com saldo descoberto ou negativo, para isto, quanto as contas não fecham com saldo positivo, ou seja, quando houve no dia mais saques do que depósitos ou mais retiradas do que entrada, quando a captação de recursos no mercado for inferior ao montante disponibilizado para crédito, nesta situação, o banco central exige que os bancos recorram a recursos de terceiros, ou busquem recursos no mercado financeiro para equilibrarem suas contas, para isso eles recorrem ao chamado empréstimo interbancário ou CDI, títulos com denominação de certificado de depósitos entre os bancos, que nada mais é do que empréstimo entre os bancos privados, estes empréstimos visam cobrir saldos descobertos do dia, através de transações financeiras entre os bancos, este títulos são negociados a taxas que os próprios bancos estipulam em um sistema conhecido como CETIP, central de custódia e de liquidação financeira de título privados, um sistema muito semelhante ao SELIC, mas que negocia somente títulos privados, enquanto a SELIC negocia somente títulos públicos. O principal título negociado é o CDI, certificado de depósito interbancário, estes títulos são negociados a uma taxa determinada pela oferta e procura, cuja média desta taxa determinará a taxa CDI over, que é uma média ponderada de todas as taxas negociadas nas transações realizadas entre as instituições financeiras no dia. Os bancos utilizam esta taxa como benchmaker para seus produtos como sendo a base de comparação na hora de definir as taxas as serem aplicadas, por exemplo, a taxa do CDB é baseada na taxa CDI over para oferta de opção investimento ao mercado.

Este mesmo sistema de negociação se aplica ao banco central quanto a necessidade de recursos no dia para fechar as suas contas, assim, ele oferece em leilão, títulos da divida publica para financiar sua divida podendo aceitar a troca do valores depositados compulsoriamente pelos bancos privados por estes títulos da dívida do governo, desta forma o que era um recurso que estava sob sua guarda de forma compulsória pertencente a terceiros, passa a tornar um recurso próprio obtido através da negociação de títulos da dívida do governo, sendo vantajoso para os bancos privados, pois os títulos são negociados levando em consideração taxa SELIC over, enquanto os depósitos compulsórios recebem somente correção monetária e a taxa negociada com os investidores. Os bancos são obrigados por determinação a recompor o valor do compulsório, e estes o recompõe através de recursos próprios ou através de recursos obtidos no mercado interbancário, sendo que neste caso, a taxa CEDIP ou CDI over tem que ser inferior a taxa CELIC over, para compensar tais transações.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Legalidade do Crime!

Central de Denúncias, Reclamações e Sugestões.

Quem Perde com o Coluiu?